segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012


Por que os exercícios físicos beneficiam a saúde

(Foto: Thinkstock)

Há muito tempo sabemos que os exercícios físicos trazem inúmeros benefícios à saúde. Eles diminuem o risco de problemas cardíacos, hipertensão, infecções, obesidade e diabetes entre outros. Você deve estar pensando: o que tem isso a ver com genética?  De fato, nesse caso não são os genes, mas o esforço físico que vai determinar a diferença. A questão é por que esse efeito positivo? Qual é o mecanismo por trás disso?  Para tentar responder como o exercício físico atua no corpo, um grupo de pesquisadores liderados pela Dra. Beth Levine, do Texas, produziu camundongos com uma mutação específica em um gene que regula a resposta ao exercício físico. A pesquisa acaba de ser publicada na revista Nature.
Exercício físico promove a autofagia
De acordo com a Dra. Levine o efeito benéfico da atividade física seria causado por um mecanismo de  autofagia – palavra derivada do grego que significa se auto-comer. Trata-se de um processo em que proteínas degradadas ou malformadas e outros componentes celulares são quebrados e reciclados.  Em outras palavras,  é um processo de degradação e remoção de resíduos tóxicos e reciclagem dos componentes aproveitáveis e benéficos para as células. Sabe-se que no stress há um aumento de autofagia permitindo que as células se adaptem à necessidade de maior energia. Além disso,  em modelos animais a autofagia protege contra várias doenças como câncer, doenças neurodegenerativas, infecções, doenças inflamatórias e resistência à insulina.
O que mostrou a pesquisa?
Os cientistas liderados pela Dra. Beth confirmaram que o exercício induz autofagia na musculatura cardíaca e esquelética dos camundongos. Depois de 30 minutos de corrida  na esteira observou-se um aumento da autofagia que continuou até 80 minutos depois do exercício. Em seguida, para comprovar que era realmente o exercício o responsável por esse aumento, eles gerarem camundongos que tinham níveis normais de autofagia em repouso, mas com mutações em um gene específico que controla a autofagia em resposta à atividade física.
O que aconteceu com os camundongos geneticamente modificados?
Esses animais não respondiam ao estímulo do exercício físico. Ao contrário dos camundongos normais, os animais com mutação tinham uma resistência diminuída e alteração no metabolismo de glucose durante a atividade intensa – isto é, a capacidade de retirar o açúcar necessário da circulação durante o maior gasto energético.
A autofagia  diminui o risco de diabetes e o ritmo de envelhecimento
Sabe-se que em humanos o exercício físico protege contra a diabetes. Isso também  foi demonstrado  na experiência descrita por esses pesquisadores.  Nos animais geneticamente modificados que receberam uma dieta que induz a diabete, o exercício não promoveu nenhuma proteção.
Melhor fazer exercício físico do que passar fome
Além disso, de acordo com a Dra. Levine a autofagia também seria responsável por diminuir o ritmo de envelhecimento. O grupo dessa pesquisadora já havia demonstrado que animais que têm uma alimentação muito reduzida vivem mais. Uma possível explicação seria pela eliminação de mitocôndrias degradadas (estruturas que produzem energia para a célula) por autofagia quando a alimentação é escassa. Entretanto viver sempre com fome não é uma alternativa que nos atrai. A boa notícia é que de acordo com essa recente publicação, o exercício físico teria o mesmo efeito. Então caro leitor, enquanto as pesquisas continuam, se você já não pratica atividade física  acho que vale a pena pagar para ver e começar a se exercitar.

Por Mayana Zatz

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